Cristina Salgado  

Nasceu e vive no Rio de Janeiro. Entre as exposições individuais estão: Exteriores internos, Múltiplo Espaço Arte, 2018; Ver para olhar, Paço Imperial, 2012; Vista, Cofre, Casa França-Brasil, 2009 e Grande nua na poltrona vermelha, Cavalariças, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 2009. Entre as coletivas: A casa Carioca, MAR, 2020, Mulheres na Coleção do MAR, MAR, 2018; Nós, Caixa Cultural, RJ/Brasília, 2016; Entre trópicos 46º05 Cuba/Brasil, Caixa Cultural, RJ, 2011. Publicou em 2015, em coautoria com Gloria Ferreira, o livro Cristina Salgado, sobre sua produção artística. Doutora em Artes Visuais pela EBA-UFRJ.  É professora no Instituto de Artes-Uerj desde 1997, onde participa da linha de pesquisa Arte, Experiência, Linguagem no PPGArtes-Uerj.

Projeto de pesquisa: Processo como imagem

Como pesquisa de artista visual, refere-se à imagem no seu sentido primordial: semelhança no plano da invisibilidade, semelhança espiritual, segundo o sentido teológico que apoiou seu processo de legitimação no mundo ocidental, em meados do século XI, no Bizâncio. Isso envolve um comprometimento com o significado, as relações entre visibilidade e invisibilidade, que não elimina conexões com a materialidade (porque não há uma pura iconofilia) e a forma. A pesquisa se dá fundamentalmente por meio de experimentos artísticos, entre a instalação, escultura, objeto e desenho, tendo o corpo – e sua relação com a imagem é ontológica – e o espaço que lhe é imediatamente próximo, como suporte para jogos de alterações que respondem a uma rede de significados em diálogo com afetos e memórias nos procedimentos de construção. É presente especialmente o corpo feminino, e o que possivelmente o identifica, engendrado culturalmente e metabolizado psiquicamente. O enfoque da orientação se relaciona com os processos individuais, mas considerando-os sob a ótica da imagem, que envolve o entendimento do processo como um fluxo de sentidos e a compreensão de que a coincidência entre a forma do objeto construído – seja de que natureza for – e a elaboração de significados seria uma constatação momentânea e instável. Desde as primeiras intenções que levam aos primeiros encontros durante o processo, a escolha dos materiais e gestos, sejam artesanais ou distanciados, até as formas físicas a que se chega e os ângulos inesperados que estas apresentem ao olhar, já são produzidas relações e sentidos que se desdobram e se multiplicam exponencialmente. A área de investigação envolve processos artísticos, a reflexão busca dar-se na observação dos processos, da verbalização sobre eles e análise das obras por outros olhares, o que contribui para um reconhecimento das especificidades das pesquisas.