Jorge Luiz Cruz

Linha de Pesquisa: arte, sujeito, cidade
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8779558447742599
e-mail: lcv02.uerj@gmail.com

Projeto de Pesquisa

MÁQUINA-PERFORMANCE

Se aceitarmos que a performance social de intervenção urbana é um somatório de fluxos alimentados por máquinas desejantes de caráter ambíguo, ativas e reativas, podemos entender que só o atravessamento por outros fluxos leva a uma interrupção nas suas práticas sonolentas, que podem ser problematizadas por um acidente qualquer, inclusive artístico. O gesto que vem daí nos empurra, nos faz gaguejar, e não digo que isto ocorra apenas com o possível público das ruas, mas também com os próprios performers, pois as práticas dos corpos da performance não são, não querem ser e não tem como ser nem pedagógicas, nem artísticas, nem tampouco políticas. São, enfim, elementos que agem para os outros se despersonalizarem, tornarem-se larvas, e se deixarem penetrar por todas as multiplicidades dos novos fluxos resultantes desta experiência coletiva. O que pretendemos com a performance artística de intervenção no espaço público é evitar a redundância das séries, e isto com ações que remetam a outros tipos de séries contaminadas por um fora não-narcísico e não narcisista, não negociável e não corruptível. E é aqui que a experiência pretende ser a mais radical que podemos propor neste momento: isto é, que a performance seja ela própria certo tipo de máquina de guerra. Uma máquina que permita desvelar o seu aspecto máquina e o seu funcionamento na construção desejante, ou seja, suas 􀀀intensidades, fluxos, processos, objetos parciais, todas as coisas que não querem dizer nada􀀀 (Deleuze; Guattari). Talvez a questão que aqui apareça seja: como saber se esta máquina-performance funciona? O caminho nos indica como resposta o seu próprio fluxo máquina, a responsabilidade/irresponsabilidade desta prática artística e as reflexões que constituem a sua gênese e as que dela decorrem. Com a realização da Máquina-performance, retomaremos também a discussão sobre a documentação do fazer artístico e sua distribuição, através da realização de uma poética documental que permita fomentar o debate sobre as práticas e teorias audiovisuais contemporâneas.